"O essencial é invisível aos olhos"

Vivemos um momento onde todos estão conectados, ou parece. Com a internet e as redes sociais, hoje é possível que tenhamos contato com pessoas de diferentes partes do mundo e ao longo do tempo. Torna possível até mesmo começar ou fortalecer relacionamentos a longa distância. Eu já perdi as contas de quantos amigos tenho que nunca vi pessoalmente, ou que vi uma vez trocamos contato e agora conversamos diariamente como se tivéssemos crescidos na mesma vizinhança. 
Mas o papo hoje não é sobre internet, é sobre essa conexão que não sabemos explicar e que tem uma força incrível. 

E nesse sábado de sol, acordei passado do meio dia depois de um turno largo à noite, notei uma mochila guardada junto a minha e automaticamente reconheci que seria de algum viajero como eu, conhecemos e compartilhamos das mesmas tralhas, rsrs. E logo na cozinha enquanto preparava meu desjejum, o mate com frutas, que recentemente me tornei adicta, alguém com as vibras de viajante me saludou e perguntou já afirmando “vc é a voluntária!?” Com um grande sorriso, igualmente, o respondi que sim e em 5 minutos já nos apresentamos, trocamos informações de quanto tempo de viagem, de onde vem e pra onde pretende ir! 

Rói, venezuelano, 29 anos vivendo na Argentina e há 5 viajando, me senti orgulhosa na hora em estar compartilhando com alguém com tanta experiência assim. Ele, vindo do norte da Argentina me disse o seguinte, “trago saudações de Matii, teu amigo, estive no mesmo local que ele”. Nesse momento mudou muita coisa aqui! Como num clique comprovei que o essencial é invisível aos olhos. Uma coisa que gosto profundamente é ter a presença dos meus amigos, e principalmente essa conexão invisível que podemos sentir até no abraço entregue por uma pessoa desconhecida. Aos poucos estou aprendendo a sentir isso. 

Matii passou uns 4 dias com a gente aqui em Yerba Buena, as fotos desse post foi do dia mais lindo que passamos juntos, eu Matti e Lucas, onde tivémos classes de malabaris, conversamos sobre a vida e vivimos intensamente essa tarde até não enxergar mais o caminho de volta no meio da noite. Seu jeito tão carinhoso, sua vontade de explorar e seu brilho no olho em estar na sua primeira parada de viagem fazendo seu primeiro voluntariado, jamais vou esquecer! Lembrei da Aline de Floripa, que saiu chorando de gratidão do primeiro voluntariado, (tem um texto aqui em baixo que escrevi no ônibus esse dia) e até hoje quase que diariamente conversa com umas das mais de 50 pessoas que conheceu lá, entre colegas e hóspedes, seja respondendo um storie, mandando um meme no privado ou aumentando a rede de conectados adicionando pessoas e recebendo reciprocamente a mesma conexão. 

Num dia estamos um pouco triste por se desligar fisicamente de pessoas tão incríveis que conhecemos com aquele medo, que sim existe, de nunca mais se encontrar e no outro estamos gratos pelas idas pois são necessárias pra existência de cada ser. Deixamos o egoísmo de querer todos que nos fazem feliz por perto e sentimos a gratidão de sentir as conexões vivas indiferente da distância e do tempo. Além do mais, tudo que há para acontecer, vai acontecer, inclusive os reencontro físicos, o abraço, o mate, o tempo conversando enquanto cozinhamos para compartilhar. Essa é a magia das conexões, elas não morrem. Quando elas existem... elas não morrem.