Um grande bairro chamado Uruguay

Ep 1: Barker e a casa de barro (e caca) 

Queria dizer que comecei a escrever e já caiu um“cisco no olho”. 

Ir para barker nunca foi um plano até porque eu nem imaginava que existia esse povoadinho ao redor da estação de trem, com uma escolinha, um mercado, um posto de atendimento médico, a casa da polícia e umas duas dúzias de moradores. Mas eu tinha sim, a intenção de fazer um voluntariado curto em um projeto de bio construção no Uruguay e a Villa Victoria me acolheu. 
Lugar esse que ainda tá começando mas que é feito de amor, companheirismo, cultura, trabalho e sustentabilidade, lugar esse que não é um lugar, são pessoas, a Vicky, o Damian, a pequena Amaru e três perritos, e teve a participação de uma “tia muy maja” Irene minha roomate espanhola. 

A vida foi leve e como eu disse com muito amor em cada detalhe que eu tentei até o último momento retribuir fazendo o que eu mais gosto para agradar as pessoa: comida, comida brasileira, comida caseira, muita comida! Desde o momento que eu desci numa esquina desse bairro no meio da noite com minhas mochilas e nenhuma comunicação eu já senti esse cuidado, Vicki me esperava com Amaru no colo e perguntava em cada ônibus que passava se eu não estava lá, garantindo de me encontrar. Depois escutei: sinta-se em casa, pode usar tudo que está na cozinha, me garantiu que escolher uma experiência pelas pessoas e não pelo trabalho sempre vale a pena. 

Durante o jantar perguntei a Irene “quais as atividades que estão fazendo no projeto?” Ela naturalmente solta um: “estamos pintando com caca!!!” Eu não esperava nada diferente disso em um projeto de bio construção e justamente meu propósito era aprender sobre o assunto, mas rimos muito com a maneira que ela me falou e eu já não via a hora de pôr a mão na caca e começar a ajudar. 

Momento esse que demorou um pouco porque no dia seguinte era meu aniversário, e eu já estava tão animada e feliz que decidi fazer uma torta em formato de casinha de barro que ficou deliciosa e encontramos as velinhas perfeitas para meu aniversário de 2016. 
Fui feliz, cantamos cumple feliz em volume 1 porque Amaru já dormia. Comemos pizzas com muito queijo. Eu já mencionei que eles tem uma fábrica de queijo? Pois é, a ideia de pintar com caca e poder comer todo o queijo que puder tbm era maravilhosa. 

Além de ter vivido muito bem, conhecido muitos cantinhos de colônia, fazendo entregas de queijo e vivendo como a família vivia, chegou o dia de realmente “pintar com caca”. 
Um grande barril de caca me esperava a meses e com uma dessas mixer de construção, Damian misturou bem, misturamos uma parte com cinzas e carvão para melhorar a textura e a cor e peneiramos, e comecei a deixar minha marca nesse projeto tão incrível que é construir com materiais sustentáveis. Pintei a parede da frente e deixei os acabamentos dos vidros prontos e limpinhos para a família poder apreciar a vista linda do entardecer de dentro de casa, quando não pudessem estar fora que já era uma tradição ver o sol cair tomando mates, falando sobre a vida, trocando experiências e misturando um espanhol com sotaque brasileiro uruguaio e espânico. 
Fui muito feliz!

Ep 2: Colonia del Sacramento dream.

Eu desembarquei em Colonia del Sacramento eram oito da noite e naquele dia sem sinal e sem a moeda uruguaya eu prefiri ir direto para barker, confiando na sorte para poder encontrar a Vicky. A cidadezinha cheia de história e com arquitetura portuguesa havia ficado pra trás. Foi então que eu decidi quando saí de Barker, antes de ir em direção a Montevideo, voltar um pouco pra poder conhecer esse cantinho tão especial do Uruguay. Gostaria de haver passado mais tempo explorando, mas eu tinha que ir pra rodovia pedir carona e chegar à capital ainda de dia. Por sorte desde Barker já tinha conseguido uma até Colonia del Sacramento.

Deixei minhas mochilas por duas horas num locker e saí com a câmera para registrar os detalhes daquelas ruazinhas estreitas que guardavam muitas histórias. Confesso que fiquei impressionada, nunca tinha visto nada igual e me sentia num filme! 

Acho que as fotos a seguir contam melhor do que eu tentar descrever aqui o que foi esse passeio. 

Depois de três caronas, muita conversa pelo caminho, cheguei junto com a Gabi em sua casa em Montevideo. Ela estava chegando com as crianças enquanto eu esperava na porta da casa, onde minha última carona me deixou. Aí comecei aperceber que seria possível continuar viajando Uruguay somente pedindo carona, as quatro que havia pegado no dia forma muito rápidas e agradáveis. 

Estava a meses planejando essa visita a Gabi e sua família, que conheci em Bariloche e tive oportunidade de contar sua historia no Achalay. Ela sempre me perguntava quando chegaria a Uruguay e dizia que estavam me esperando para passear pela cidade e mostrar os principais pontos. 

Já no outro dia fomos a Florida outro departamento, cidade Natal de Gabi, lá ela tem uma participação num programa de rádio onde fala sobre plantas medicinais. Aí já começamos com o trabalho de reposicionamento de imagem com fotos novas e uma estratégia para suas redes. No sábado seguimos conhecendo a região e fazendo fotos lindas da família e da Gabi como profissional.

Em Montevideo, passeamos de carro pelos principais pontos importantes da cidade com muitas informações da Gabi e do Pablo.